domingo, 18 de dezembro de 2016

APRENDER O CATECISMO - Uma importante recomendação para os tristes dias atuais


Por muitos anos, temos visto um ensinamento das Sagradas Escrituras ser ignorado constantemente neste solo brasileiro. Almas têm se perdido incessantemente graças ao negligente ator religioso deste país, cujo desserviço reverbera na Eternidade com "pacotadas" de favorecedores da heresia, do erro e da impiedade brotando em território pátrio como um mofo encardido, vicejante onde não há senão morte e decomposição.


Revitalizar o Brasil - eis o que desejamos do mais profundo de nossa alma. É um dever de consciência fazer todo possível pelos seus co-cidadãos, para que enxerguem a Luz do Mundo, para que experimentem o Sal da Terra, para que cheguem ao conhecimento de Deus.



"Meu povo se perde por falta de conhecimento" (Oséas 4,6a), diz o Senhor. Pois enquanto os olhos do insensato vagueiam a esmo "na face do prudente reluz a sabedoria" (Provérbios 17,24). Falta ao nosso povo aquele amor ao poder salvífico e libertador que a Verdade possui, tal como nos disse Nosso Senhor Jesus Cristo: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8,32).

É, por isso, que convido a todos a conhecerem o excelente trabalho do texto de um catecismo católico de excelência historicamente reconhecida - o Catecismo Popular do Sr. Professor Francisco Spirago, editado em 1938. Nele, a verdade católica é transposta em linguagem simples, de entendimento fácil e sem firulas ou obscuridades. É publicação aprovada pela Igreja e segura como instrumento de orientação em tempos tão confusos como o nosso.

Recomendo vivamente, pois, o "CATECISMO CATÓLICO POPULAR".


sábado, 3 de dezembro de 2016

Silogismo Anti-Sedevacantista 1 - Não é Falso Papa, é Papa Mau

Muitos católicos atualmente expressam preocupações acerca da possibilidade de terem de escolher por uma posição a eles tida como "tenebrosa", "imprudente" ou "desesperadora": o sedevacantismo.

Em razão disso, uma série de argumentos foram sendo elaborados com o tempo para desmerecer, refutar ou mesmo desmentir a análise que autores católicos adeptos do sedevacantismo faziam da realidade eclesial. Muitos já conhecem os contra-argumentos que refutam suficientemente tais objeções (especial menção aos do Pe. Anthony Cekada, sacerdote católico sedevacantista e norte-americano), mas a maioria desse material está presente em outras línguas, ou é de linguagem acadêmica, mais erudita, obscura à maioria das pessoas comuns.

Neste primeiro texto da série, vamos procurar trazer aos nossos leitores argumentos claros, simples e despretensiosos sobre o tema em tela; no entanto, isso não implicará em dizer que estamos despreocupados com a verdade - apenas que vamos tentar tratar do tema de modo mais acessível a todos os interessados. Boa leitura.

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ARGUMENTO DO PAPA MAU

Premissa 1:
Se um pai age de maneira egoísta, inconseqüente, desonesta, maliciosa, prejudicial ou danosa à esposa e aos filhos, ele é um mau pai;

Premissa 2:
Um mau pai, embora não honre sua paternidade, nem por isso deixa de ser pai;

Premissa 3: 
Ora, de modo análogo ao que tratamos um pai tratamos o papa, seja ele bom ou mau;

Conclusão: 
Portanto, do mesmo modo que tratamos o pai mau, tratamos o papa mau: ele não deixa de ser papa, assim como o pai mau não deixa de ser pai.

Sendo assim, do mesmo modo que se resiste ao pai mau, assim também deve-se resistir ao papa mau - sem que isso lhe retire o pontificado, do mesmo modo que a resistência ao mau pai não o livra da paternidade. Logo, a posição sedevacantista seria exagerada, imprudente e irracional, porque escolheria uma falsa resposta para a resolução da crise na Igreja.

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Neste arrazoado acima descrito, as premissas 1 e 2 estão corretas, mas a premissa 3 exige distinções e modulações para ser verdadeira. Como a analogia é feita de maneira irrestrita e sem as devidas distinções, a conclusão que se seguiu acima é falsa.

Portanto, analisemos a premissa 3. 

Nesta premissa, defende-se que devemos fazer uma analogia entre a figura do PAI e do PAPA. Mas essa analogia tem limites, não é integral, completa (até porque, se fosse integral e completa já não seria analogia, mas identidade). Explico:

Primeiro, a paternidade é um atributo sócio-biológico, decorrente da própria natureza humana. O papado não: o papado é um cargo dentro da estrutura hierárquica da Igreja Católica, não é decorrente da natureza humana

Segundo, a paternidade não pode ser renunciada nem perdida de modo algum: uma vez pai para sempre pai, vivo ou morto. Já o papado não, o papado pode ser renunciado ou perdido: uma vez papa, pode deixar-se de ser papa.

Terceiro, o poder do pai na família é um poder dominativo, de caráter privado. E o papado? O papado não é um poder de caráter privado, mas sim de caráter público - é um poder jurisdicional.

Quarto: enquanto o pai realiza sua função principalmente mediante ordens particulares (que não desfrutam de qualquer grau de proteção divina especial), o papa realiza sua função principalmente através da promulgação de leis universais (que desfrutam de um grau especial de proteção divina especial, a saber, a indefectibilidade proveniente dos objetos secundários da infalibilidade da Igreja). 

Em quinto lugar, as principais ações do pai são pontuais, voltadas para alguns poucos súditos - mas as principais ações do papa são gerais, voltadas para todos os católicos do mundo.

Se bem analisadas essas cinco diferenças, nós veremos que é totalmente inapropriada a conclusão dos que pretendem refutar o sedevacantismo afirmando isso, posto que ao promoverem a analogia entre um papa mau com um pai mau, fazem isso como desculpa para rejeitarem os ENSINAMENTOS MAGISTERIAIS desses papas conciliares, as suas CANONIZAÇÕES, as LEIS UNIVERSAIS e RITOS LITÚRGICOS que por eles foram aprovados.

No entanto, fazer isso é rejeitar o ensinamento da Igreja sobre o objeto secundário da infalibilidade da Igreja, conforme o ensinamento da bula Auctorem Fidei (proposição condenada LXXVIII), do papa Pio VI; do breve Quo Graviora (§17.2), do papa Gregório XVI; e também conforme o papa Leão XIII, na carta Testem Benevolentiae Nostrae (§5.4-5) e do Concílio Ecumênico de Trento (sessão VII, cânon 13), encabeçado pelo papa Pio IV.

Ademais, todos os grandes manuais de teologia dogmática confirmam que o objeto secundário da infalibilidade também desfruta de garantia do Espírito Santo de não oferecer aos fiéis algo prejudicial à fé ou moral católicas, embora não do mesmo modo que uma declaração ex-cathedra (coisa que trataremos no futuro). Vide, por exemplo, o que escreve o teólogo Michael Schmaus, ao descrever o alcance da infalibilidade papal (§177, 2, b), ou ainda o teólogo Ludwig Ott, debatendo sobre a infalibilidade da Igreja no seu objeto secundário (2ª parte, c.4, §13, 2, b).

Portanto, como o alcance da analogia da premissa 3 é extrapolado pela conclusão, segue-se claramente que ela não pode ser verdadeira - donde, não pode ser aceita como argumento verdadeiro, nem objeção válida ao sedevacantismo católico.

Isso, obviamente, não significa que a analogia do papa como pai mau seja sempre ilegítima. Quando um verdadeiro papa dá aos fiéis uma ordem má, ele pode ser resistido - e nisso há forte testemunho da história e do ensinamento católico, seja do Magistério Eclesiástico, seja dos escritos dos Santos, seja do consenso moralmente unânime dos teólogos católicos aprovados pela Igreja. 

Mas, como essa analogia não é válida quando se usa dela para rejeitar ou resistir, por exemplo, a um rito litúrgico (a missa nova de Paulo VI), a uma canonização ou uma lei universal (o Código de Direito Canônico), esse silogismo anti-sedevacantista é falso, pois como um verdadeiro papa não pode fazer essas coisas (e no entanto elas de fato foram realmente feitas), o sedevacantismo permanece sendo uma explicação viável para a crise da Igreja.