domingo, 27 de julho de 2008

Do primado apostólico de São Pedro - Anexos


Anexo 1: Esquema transversal dos sítios arqueológicos encontrados pela escavação





Anexo 2: A inscrição parietal “Petros Eni”, e o “muro vermelho” – com um nicho de mármore – do qual o fragmento da pedra fazia parte. O lugar do qual pendeu o pedaço da inscrição está marcado com uma estrela






Anexo 3: Fotografia da catacumba de São Sebastião, com uma oração em latim (que em português seria: “Pedro e Paulo, intercedam por Vitória”).








Anexo 4: Uma das representações pictóricas de Pedro e Paulo datada do século IV






Anexo 5: Jesus Cristo sentado na cátedra, ensinando.

















Anexo 6: Abaixo à esquerda, São Pedro, com enfoque na cabeça, exatamente na mesma posição que Jesus Cristo (sentado na cátedra, ensinando) - o que demonstra através dos símbolos qual foi o ministério deixado para "o Primeiro" dentre os Apóstolos. Imagens retiradas do cemitério "Ad duas lauros", que data da metade do século III (250 d.C.)





Anexo 7: Ao lado, seqüência de referências a São Pedro numa tumba cristã; como no Batismo de Cornélio (criando água do cajado), nas 3 negações de Cristo por ele feitas, na sua captura para o martírio, etc.


sábado, 26 de julho de 2008

Do primado apostólico de São Pedro

Um dos pontos básicos da fé cristã católica é a autoridade máxima do apóstolo Pedro, sendo ele o fundamento visível da unidade doutrinal e apostólica da Santa Igreja Católica.
Assim sendo, por esta nossa fé ser traço indistinto de catolicidade, os cismáticos e os hereges protestantes insistem em atacar o primado papal com árdua tenacidade a fim de ou rejeitá-lo ou, no mínimo, denegrí-lo a tal ponto que a ofensa cega supere a argumentação lógica historicamente fundamentada e a solidez exegética católica.
Este texto visa, antes de tudo, cumprir o pedido do apóstolo São Pedro, em sua carta, que nos diz: “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito” (1Pe 3,15)
Iniciemos, então, nossa exposição sobre o primado apostólico de São Pedro.

1) Pedro e os Evangelhos
Façamos então uma apresentação sobre a pessoa de Simão Pedro dentro do contexto das Sagradas Escrituras, em especial nos Evangelhos.
Nos evangelhos, o Apóstolo mais citado é Simão Pedro. No evangelho de João, são 37 o número de vezes que se repete especificamente o nome do apóstolo. No evangelho de Lucas, Pedro é citado 20 vezes. Em Mateus, 26 vezes; e em Marcos, “o primeiro” dentre os apóstolos (Mt 10,2) é citado 21 vezes. Ao todo, 104 vezes aparece o nome de Pedro.
Tudo isso sem contar as passagens bíblicas em que Simão ainda não é chamado Pedro, pois as considerando, passaremos de 104 para 114. A diferença de Pedro para o “discípulo amado” (se aceitarmos que ele é o apóstolo João), contando ainda todas as outras passagens dos evangelhos, numera-se apenas 46 passagens.
Pedro tem mais do que o dobro de referências do que o “discípulo amado”, João!!! Por si só, esse fato seria válido para afirmar-se que Pedro exerceu destaque entre os discípulos. Outro ponto importante é o fato de em todas as listas apostólicas dos evangelhos sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas – o primeiro a ser citado é sempre o apóstolo Simão Pedro, filho de Jonas (conforme as listas em Mt 10,1-4; Mc 3,16-19; Lc 6,14-16).
Em quase todas as citações evangélicas, é dada a pessoa do apóstolo Pedro uma posição de proeminência, raramente encontrada com relação a outros discípulos de Jesus. Ele é chamado “o primeiro” dentre os outros apóstolos (Mt 10,2), quase sempre é o único apóstolo que trava diálogos mais diretos e relevantes com o Senhor (Jo 6, 35-69; Jo 21,12-19; Lc 5,1-10; Lc 9,18-21; Lc 18, 28-30; Mc 10, 27-31; Mc 11,20-26; Mt 14,25-29; Mt 15,11-20; Mt 16,13-19; Mt 18,21-22; Mt 19, 23-30), e ele é tratado de modo diferente pelas Sagradas Escrituras, estas que por diversas vezes deixam evidente a separação entre Simão Pedro e os outros apóstolos - diferença que até os anjos no Evangelho de Marcos não deixam de fazer (Mc 14,36-38; Mc 16,7; Mt 10,2; Mt 13,16-19; Jo 21,15-19).
Nas situações que os apóstolos necessitam de um porta-voz junto a Jesus, Pedro é quem fala por eles nos evangelhos, e quem os coordena quando é necessário (Jo 6,68; Jo 13, 21-24; Jo 20,1-6; Jo 21,12-19; Lc 8,45; Lc 9,20; Lc 12,41; Lc 18,28; Mc 9,5; Mc 10,28; Mc 11,12-14.20-21; Mc 16,7). Então, sob o prisma dos Evangelhos, nos é desonesto afirmar que Pedro foi apenas mais um dos apóstolos: muito pelo contrário, a realidade bíblica que se constata é que Pedro exerce um papel predominante e eminente diante o nascente colégio apostólico (ou seja, entre os primeiros apóstolos/discípulos).
Outra observação relevante - retiramos esta dos Cadernos de Apologética Montfort:
“Dois fatos aparentemente corriqueiros da vida de Cristo se juntam às evidências até aqui acumuladas, e dizem respeito à proximidade do mestre a Pedro. Primeiro, observa-se pelos Evangelhos que, quando Cristo se demora em Cafarnaum, é na casa de Pedro que se hospeda. "Ao sair da Sinagoga, Jesus e os que o seguiam se dirigiram à casa de Pedro e André ..." (Mc 1,29; Mt 8,14; Lc 4,38), e que mais tarde, à porta da casa (de Pedro) Jesus fazia milagres. São Marcos, em outras ocasiões, sem mencionar outra casa, diz simplesmente que o Mestre se dirigiu "à casa" e "para casa" (Mc 2,1; Mc 3,20; Mc 9,32).
É curiosa a diferença nas narrações de São Marcos e São Mateus desse mesmo episódio: este usando artigo - na casa; aquele sem o usar - em casa.
O sentido da primeira expressão é o mesmo que tem, para os franceses, o ‘chez moi’, ou seja, em minha casa. Seria um fato estranho São Marcos falar de sua casa, se não soubéssemos ter sido o evangelista discípulo de Pedro. Ao repetir o que ouviu do Apóstolo, ele utiliza a expressão de quem falava da própria casa. São Mateus fala da casa não com sentido próprio, pois falava da casa de outrem. Curioso ainda é que quando os evangelistas falam da casa de Cristo, se referindo à de Nazaré, usam ambos o artigo, evidenciando o detalhe sutil e extremamente probatório da passagem.
Portanto, o Evangelho de S. Marcos demonstra que, em Cafarnaum, Cristo se hospeda-va na casa de Pedro”.(Cadernos Montfort – “O Primado de Pedro” – www.montfort.org )
Pedro exerceu um papel de evidente importância. Papel esse que é de liderança, sendo nos Evangelhos (no mínimo) o “Embaixador dos Apóstolos” – o primeiro de muitos títulos que esse texto dará a São Pedro Apóstolo.
2) Pedro e a Comunidade Apostólica
Continuemos nessa progressiva análise do apóstolo, perguntando:
“Como a comunidade cristã concebia a pessoa de Pedro?”
“Os primeiros cristãos aceitavam Pedro como os evangélicos o vêem hoje?”
Procuremos agora compreender a figura de São Pedro no livro de atos dos Apóstolos, já reconhecendo a importante liderança que configuram os Evangelhos à sua pessoa.
Primeiro, como se é notável logo numa primeira leitura de Atos dos Apóstolos, reconhece-se que o livro enfatiza a pessoa e a missão de Paulo Apóstolo, que é citado cerca de 3 vezes mais que Pedro em todo livro. Todavia, Pedro é citado em 57 passagens, e em todas elas o apóstolo exerce uma função de liderança e governo, fato este de importância central para o crescimento da Boa Nova e das comunidades cristãs que nasciam.
E todas as passagens de Atos em que Pedro aparece, em todas elas “o primeiro” dentre os apóstolos (Mt 10,2) exerce a função que Jesus Cristo já lhe havia dado: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-19). Pedro é o pastor visível, Cristo o invisível.
Pedro é quem toma a palavra, e convoca os irmãos a substituírem Judas Iscariotes – que havia morrido – por outro discípulo (At 1,15-22). Ele também é o primeiro a pregar, após a unção do Espírito Santo em Pentecostes, e é o primeiro a converter 3000 mil pessoas com apenas uma pregação!! (At 2,14-41). Pedro também é aquele quem preside a comunidade apostólica no exercício missionário (At 3), é ele quem preside o juízo de uma questão normativa sobre a doação pecaminosa de Ananias, declarando-os ‘anátemas’ (At 5,1-11).
É de Pedro o primeiro milagre pós-pentecostes (At 3,6-12), e dele também é a primeira advertência contra a heresia - a simonia - defendida por Simão Mago (At 8,14-24), além de ser o primeiro apóstolo depois de Cristo a ressuscitar um morto (At 9,40)! É de Simão Pedro também a autoridade de ensinar aos apóstolos de modo universal (católico) sobre novas matérias doutrinárias (At 11,5-17; At 15,7-11), sendo presidente doutrinal da Igreja.
Pedro, assim como nos evangelhos, é distinto dos apóstolos restantes em todo livro de Atos, corroborando a sua posição diferencial na comunidade cristã perante os outros discípulos (At 2,37; At 5,29; At 15,7). Também Pedro é quem viaja entre as comunidades cristãs, supervisionando e vigiando as ovelhas que o próprio Senhor lhe deu (At 9,32), cumprindo aquela profética afirmação de Jesus: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” (Lc 22,31-32 – grifos nossos). A jurisdição maior de Pedro sobre os irmãos é bem manifesta em tudo isso que falamos!
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos: Eis o que Pedro foi na Igreja cristã primitiva!
3) Pedro e a mudança de nome
Outro dado que coloca em evidência a singularidade petrina é a alteração do nome feita por Jesus Cristo. Simão, filho de Jonas, recebe do Senhor uma nova denominação: Pedro.
Qual o motivo para uma mudança de nome para Jesus?
Será uma coisa sem sentido feita por Jesus, só para passar o tempo?
Deus faz coisas sem sentido, ou sempre faz tudo conforme a Sua Suprema Inteligência?
É claro que Deus faz tudo conforme Sua Suprema Sabedoria, e nada que sai de Suas Mãos é obra sem finalidade. E uma das atitudes do Senhor que estão cheias de significado é a mudança de nome. Segundo “a concepção antiga, o nome não é somente uma marca de designação, mas é também aquilo que determina a sua natureza específica” (cf. Bíblia de Jerusalém - 3ª impressão 2004, nota ‘G’ relativa à mudança de nome de Abrão, pg. 54).
No Antigo Testamento há exemplos disto; mostraremos abaixo.
Quando Deus dispõe de uma criatura para dela fazer um sinal para a humanidade, Ele altera o nome desta, fazendo assim do novo nome um símbolo daquela função/missão que o Senhor escolheu para o seu servo. Vejamos agora alguns desses casos:
“Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos. Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis por descendentes. Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade. Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a terra em que moras como peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o teu Deus.” (Gn 17,4-8)
Observem como Deus muda o nome de Abrão para Abraão para fazer uma analogia com a sua missão, que é ser “o pai de uma multidão de povos”(v.4). O nome Abraão é escolhido por ser semelhante ao hebraico “ab hamôn” que significa “pai de multidão”. Isso demonstra que o nome de Abraão foi modificado com uma finalidade específica: ser um sinal-vivo do poder de Deus, que faz de dois idosos uma multidão de descendentes.
O mesmo fato se dá com Jacó (cf. Gn 32,24-31). Quando este luta com o misterioso personagem no monte (Deus, ou um anjo), Jacó insiste-lhe que o abençoe, pois percebe o caráter sobrenatural do seu adversário. E o que é mais relevante: a bênção do adversário é intimamente ligada com a mudança de nome de Jacó para Israel, como atestam os versículos 27-29, que são o prenúncio da almejada bênção.
O nome Israel advém de “peni’El” – raiz de Fanuel, que significa “face de Deus” – que simboliza o sinal da graça de Deus sobre Jacó, pois este “lutou contra Deus e contra os homens, e tu prevaleceste” (v.29; como atesta o guerreiro misterioso); assim viu a “face de Deus”(v.31) lutando contra ele, sobreviveu e ainda foi abençoado.
Como se sabe, ninguém pode ver a face de Deus e continuar ‘vivo’ (Ex 33,20ss); mas o fato de Jacó continuar vivo após “vê-la” (isto é, após estar diante de uma manifestação indireta de Deus através de um anjo) é sinal de sua missão especial como patriarca dos hebreus, e sinal de sua predileção diante do Senhor.
Justamente como nos exemplos anteriores, a Simão filho de Jonas também é dado um nome diferente, com um significado especial! Embora a nova nomeação de Simão para Pedro possa ter ocorrido antes da passagem clássica de Mateus 16 (cf. Jo 1,42), esta só adquire a sua significação absoluta no contexto do evangelho de Mateus, pois em João a mudança de nome é jogada sem o mesmo contexto. Observemos:
“Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).” (Jo 1,42)
“Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,17-19)
A mesma estrutura se pode observar nos três casos: Abrão, Jacó e Simão são chamados primeiro pelo nome antigo, depois pelo nome novo e por fim o Senhor lhes explica o porquê do nome novo. Confira as passagens expostas anteriormente em paralelo, e verás que correspondem entre si.
“Pedro”, palavra de origem grega que significa “pedra”, é adaptada por Mateus da palavra “Kephas”, palavra aramaica que designa “pedra”. Essa designação certamente se refere ao papel de primazia que Pedro haveria de exercer na Igreja cristã, pois ele seria a pedra designada por Cristo para estabelecer a sua Igreja aqui na terra (v.18), corroborando todas as atribuições que se tornaram manifestas pelos evangelhos, das quais expusemos algumas anteriormente.
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos, A Pedra visível que é o sustentáculo da Igreja, Pedro!!!
4) Pedro e as evidências arqueológicas: inscrições parietais e imagens
Muito relevante também são os dados que demonstram com grande clareza como era manifesta a crença dos primeiros cristãos com relação ao Apóstolo Pedro.
Encontramos estes dados em diversos grafitos anônimos deixados sobre o túmulo de São Pedro, localizado durante as escavações arqueológicas promovidas sob a Basílica do Vaticano (Roma), que permeou as décadas de 1950, 60 e 70 da nossa era cristã. Estas foram realizadas com a supervisão do Mons. Ludwig Kaas, e com o apoio de especialistas de renome em epigrafia, como Margarita Guarducci.
Encontram, primeiramente, os indícios de reformas antigas realizadas por outros papas e escombros da antiga basílica da época do imperador romano Constantino – cuja existência já se sabia, já que a basílica vaticana havia sido iniciada em sua construção no ano de 1506, e estava sendo edificada acima da basílica constantiniana. Mas também foi descoberto um cemitério (uma necrópole feita no lugar do antigo circo de Nero, enterrada por Constantino para que se fizesse a basílica em dedicação à São Pedro) embaixo da antiga basílica, sendo que no meio deste havia um túmulo-mor. Esta tumba era o centro de vários outros túmulos, que eram dispostos de maneira mais ou menos circular em volta desse túmulo central, no qual há a inscrição “Petros Eni”, que significa “Pedro está aqui”. As inscrições todas datam entre os séculos II e III da era cristã, o que demonstra que os primeiros cristãos já tinham especial reverência pela pessoa de Pedro. Tanto acreditavam ser ali o lugar no qual Pedro estava enterrado que, ao lado da tumba do primeiro papa, uma caixa com pequenos ossos recolhidos pelos primeiros cristãos foi encontrada; eram ossos de animais, o que mostra o zelo dos crentes em guardar qualquer indício ósseo que pudera ser de São Pedro Apóstolo! Pelas condições da tumba, a inviolabilidade e autenticidade dos indícios encontrados é, de fato, segura.
Sendo assim, a tese de que Pedro foi apenas mais um apóstolo é rejeitada pelas evidências. Vejamos, para maior reforço de nossa tese, mais alguns exemplos retirados de grafitos dos cemitérios e catacumbas cristãs:
  • “Pedro, pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos sepultados junto do teu corpo”;*
  • “Salve, Apóstolo!”;
  • “Cristo e Pedro”;
  • “Viva em Cristo e em Pedro”;
  • “Vitória a Cristo, a Maria e a Pedro”;
  • “São Pedro, São Paulo, São Félix, São Estevão, Santa Emérita”;
  • “Pedro e Paulo, intercedam por Vitória (nome da falecida)”; “Pedro e Paulo, recordem-se de nós”.
*(O epitáfio é um pedido de intercessão pelos mortos, e um pedido da intercessão de São Pedro pelos mortos enterrados perto de seu corpo! Isso também demonstra que os cristãos primitivos oravam pelos dos mortos, e rogavam a intercessão dos santos.)
É também fato que as representações ilustrativas em imagens relatavam com grande profusão a figura de São Pedro Apóstolo. Ele freqüentemente era esculpido conforme vários simbolismos referentes à passagens bíblicas que testemunham o seu ministério, suas forças e fraquezas aqui na Terra (Pedro recebendo as chaves de Jesus Cristo, Pedro sentado numa cátedra lendo um pergaminho – símbolo da docência doutrinal, Cristo colocando sua mão no ombro de Pedro conferindo-lhe autoridade, Pedro fazendo água brotar de um cajado – símbolo do batismo de Cornélio, Pedro negando Jesus 3 vezes, Pedro sendo preso, Pedro crucificado de ponta-cabeça pelos romanos, Pedro como pastor do rebanho, etc). Vide no final, em anexo, algumas imagens que podem ser ilustrativos exemplos.
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos, A Pedra visível que é o sustentáculo da Igreja, Santo e intercessor: Esse é Pedro apóstolo, o primeiro Papa.
5) Pedro, Roma e os santos padres apostólicos
Muito embora o caráter de primazia apostólica de Pedro já tenha se demonstrado biblicamente, há alguns protestantes que procuram desabonar essas evidências a partir de uma afirmação bombástica: se Pedro nunca esteve em Roma, como pode ter ele sido o primeiro bispo de Roma? Como pode ter ele sido o primeiro papa?
Ora, tal tese protestante não está de acordo com as diversas evidências históricas sobre Pedro e o primado da Igreja de Roma sobre as demais. Apresentaremos algumas evidências históricas que demonstrarão como os cristãos viam a Igreja de Roma e a cátedra de Pedro:
"A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal" (Cipriano, +258, Epístola 55,14).
"Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, cf. fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III,1)

O mesmo Orígenes nos diz novamente: “Pedro, sobre quien se construyó la Iglesia de Cristo (...) (Comentarios de João 5,3 - J479a, 226 A.D. – texto abaixo extraído do livro 'La Fe de los Primeros Padres', de William A. Jurgens’)

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Irineu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).
“A Igreja foi construída sobre Pedro” (Tertuliano,+220)
"Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida; e foi em razão da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência: depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho perante aqueles que governavam e, desta forma, deixou o mundo e foi para o lugar santo. A esses homens [...] juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo”.(Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios, 5,3-7; 6,1).
“Zeferino, Bispo da cidade de Roma, aos mui queridos irmãos que servem ao Senhor no Egito.
Recebemos uma grande responsabilidade do Senhor, fundador desta Santa Sé e da Igreja apostólica, e do bem-aventurado Pedro, chefe dos apóstolos: a de que possamos trabalhar com amor infatigável pela Igreja universal, que foi remida pelo Sangue de Cristo, e, assim, com autoridade apostólica, apoiar os que servem ao Senhor, bem como ajudar a todos os que vivem fielmente.” (Zeferino, +217, Epístola aos bispos do Egito)
“Roma locuta, causa finita”- Roma falou, encerrada a questão. (S. Agostinho, +430, bispo e doutor da Igreja.)
São Basílio(+379), São Atanásio(+373) e outros, diziam: ´Ubi Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia, ibi Christus´ – ´Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja, está Cristo´.
"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, do ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, II,25,8)
"Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de São Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à via Óstia e lá encontrareis o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro" (Gaio, ano 199)
“Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja que recebeu a misericórdia, por meio da magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu Filho único; à Igreja amada e iluminada pela bondade daquele que quis todas as coisas que existem, segundo fé e amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada feliz, digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside o amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai; eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai. Àqueles que física e espiritualmente estão unidos a todos os seus mandamentos, inabalavelmente repletos da graça de Deus, purificados de toda coloração estranha, eu lhes desejo alegria pura em Jesus Cristo, nosso Deus”. (Inácio de Antioquia,+110, Carta aos Romanos*)
*Esta introdução à Igreja de Roma é diferente de todas as outras introduções, que são breves e pouco elogiosas (nas outras cartas de Inácio à Éfeso, Esmirna, Trália, Magnésia e outras, ele não exalta-as em dignidade nem em autoridade, como faz com a de Roma que, segundo Inácio mesmo, “preside” na região dos romanos e na caridade. E também em sua carta aos romanos, declara não ter ensinado nada, mas aprendido com a Igreja de Roma – “3. Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, quero que permaneça firme o que ensinastes”).

Todos estes escritos corroboram a cátedra petrina, e vários destes relatos são de testemunhas oculares dos primeiros cristãos, – como o de Inácio de Antioquia – o que deixa sem sombra de dúvida a comprovação de que Pedro era bispo de Roma. Outros relatos também demonstram a mesma coisa, como a Primeira Epístola de Pedro.
São Pedro “escreve sua primeira epístola a partir de Roma, conforme atesta a maioria dos estudiosos, como bispo dessa cidade e como bispo universal (ou papa) da Igreja primitiva. "Babilônia" (1Pd 5,13) é codinome para Roma.”(cf. Dave Armstrong, do site “Mirror of Truth”).
Há também uma citação de Lactâncio em espanhol que relata não só que Pedro estava em Roma, como também já havia morrido pelas mãos de Nero. Eis o texto:
“CAP. II. Sus apóstoles eran en ese tiempo once en número, a los cuales se agregaron Matías, en el lugar de Judas el traidor, y enseguida Pablo. Después se dispersaron a través de toda la tierra a predicar el Evangelio, como el Señor el Maestro les había ordenado; y durante 25 años, y hasta los comienzos del reino del Emperador Nero, ellos se ocuparon de asentar los cimientos de la Iglesia en cada provincia y ciudad. Y mientras Nero reinaba, el Apóstol Pedro vino a Roma, y, a través del poder de Dios comprometido en él, realizó ciertos milagros, y, al volverse muchos a la verdadera religión, edificó un templo fiel y estable al Señor. Cuando Nero escuchó estas cosas, y observó que no sólo en Roma, pero en todas partes, una gran multitud se rebelaba diariamente a la adoración de ídolos, y, condenando sus caminos viejos, iban a la nueva religión, él, un odiado y pernicioso tirano, saltó adelante para arrasar el angélico templo y destruir la verdadera fe. El fué el primero en perseguir a los siervos de Dios; el crucificó a Pedro, y asesinó a Pablo: el no se escapó con impunidad, pues Dios vió la aflicción de Su gente, y por lo tanto el tirano, despojado de autoridad, y precipitado desde lo alto del imperio, de repente desapareció, e incluso el lugar de entierro de esa perniciosa bestia salvaje no se vió en ninguna parte.”( “LA MANERA POR LA CUAL LOS PERSEGUIDORES MURIERON” – Lactantius)

Dionísio de Corinto (+170), Pedro de Alexandria (+311) e São Jerônimo (347-420) também atestam que Pedro esteve em Roma, fundou ali a sua cátedra e foi morto.
A Tradição Apostólica da Igreja Católica estabelece que São Pedro ocupou sucessivamente as sedes episcopais de Jerusalém, Antioquia e Roma; mas também demonstra que nunca esteve na histórica Babilônia mesopotâmica. Há evidências que comprovam a permanência de Pedro em Roma, pois em sua primeira carta cita que permanece com Marcos na “Babilônia” (1Pe 5,13). Paulo, ao escrever de Roma a sua carta aos Colossenses, atesta também estar com Marcos - que não saiu da capital do império romano (Col 4,10). Os escritos do livro “Apocalipse” também utilizam-se da mesma definição para simbolizar Roma (Ap 14,8; 16,19; 17,5). Tudo isso corrobora a tese de que a desginação “Babilônia” seria um código para “Roma”, e que Pedro lá esteve e morreu, fundando a Igreja.
Além disto, é interessante notar que, quando os protestantes negam que Pedro tenha jamais ido à Roma para ser crucificado de cabeça para baixo, negam também a profecia de Jesus sobre a morte do santo apóstolo! Isso é completamente injustificado e incoerente.
Em verdade, Cristo disse antes de sua crucifixão: “Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus respondeu-lhe: Para onde vou, não podes seguir-me agora, mas seguir-me-ás mais tarde.”(Jo 13,36)
E depois de ordenar à Pedro fosse das ovelhas de seu rebanho(cf. Jo 21,15-17), Disse Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus.(Jo 21,18-19)
Tertuliano (+220) confirma que essas proféticas afirmações de Jesus Cristo foram todas cumpridas por Pedro em Roma, dizendo-nos: “Nero foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé*. Pedro então, segundo a promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz(conforme Scorp. c. 15) - *(berço da fé = Roma)
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos, A Pedra visível que é o sustentáculo da Igreja, Santo e Intercessor, Fundador da Cátedra Romana: Esse é Pedro apóstolo, o primeiro Papa!!
6) Pedro e o primado apostólico
“Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi dito por nós, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno” (Clemente de Roma, +100, Carta aos Coríntios 59,1).
Por volta do ano 96, que é a mais provável data para a carta de Clemente – o terceiro papa depois de Pedro - aos Coríntios, já é visível a Suprema Jurisdição Eclesiástica do Papa na Igreja e nos seus sucessores apostólicos - ou seja, os bispos de Roma posteriores a Pedro. Mas para melhor esclarecer as possíveis dúvidas sobre o primado apostólico do Santo apóstolo Pedro, remetamo-nos à exegese católica clássica.
De todas as referências que atestam a suprema autoridade papal, a do evangelho de Mateus é a mais contundente. Vejamos novamente o que ela nos diz:
“Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,17-19)
Nesta passagem bíblica acima o primado petrino é evidente. Insisto em dizer que Pedro é pedra(v.18a), e sobre ela Jesus Cristo edificará a sua Igreja(v.18b), Igreja esta que jamais será derrubada pelas forças infernais(v.18c).
Os protestantes afirmam que a pedra sob a qual Jesus Cristo edificará a sua Igreja não é Pedro, mas sim Ele mesmo (cf. Lc 20,17; Sl 117,22; Mc 12,10; Mt 21,42), pois o termo “Petrus” e “petra”, no grego, são diferentes. Como resolver?
Porém, o texto se dirige todo a Pedro - "tu és Pedro..."; "eu te darei as chaves..."; "tudo que (tu) ligares..." - em resposta à sua confissão, como um prêmio pela sua defesa pública da fé. O texto não traz qualquer interrupção lógica, para passar a se referir a Nosso Senhor. Se assim fosse, a frase ficaria sem sentido: "tu és Pedro, mas não edificarei a minha Igreja sobre ti, senão sobre mim; as chaves do céu porém te darei." (conforme ‘O primado’ - Cadernos Montfort)
A confusão se desfaz ao concebermos como Jesus falou. Ele renomeou a Pedro em aramaico (uma língua corrente da Palestina na época), dizendo: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas(...). Por isso eu digo, tu és “Kepha”, e sobre esta “kepha” edificarei a minha Igreja.(...)”. Isso está evidente no evangelho de João, ainda no capítulo primeiro, versículo 42 (Jo 1,42). Além disto, consideremos que o grego “petra”(rocha) corresponde a “Petrus” como forma masculinizada, que assim poderia ser utilizada como nome – como Jesus queria fazer com Simão. É importante lembrar também que a diferença entre “petrus” e “petra” só existe no dialeto grego ático, e não no grego koiné usado na Palestina naquele tempo; isso mostra que “petrus” e “petra” são, na verdade, apenas declinações de gênero.
Podemos compreender também que o que foi dito corresponde com o termo aramaico “Kepha”. No aramaico: “Kepha”, significa “pedra” e “Pedro”, numa única palavra; como no francês, “Pierre” é o nome de uma pessoa e o nome do minério “pedra”. Sendo assim, toda frase se refere à pessoa do apóstolo Pedro, e não deixa margem para distorções.
De fato, Jesus Cristo é o fundamento invisível da Igreja (como foi lembrado pelos protestantes), mas Simão Pedro é o visível; assim como Jesus é o pastor invisível da Igreja, e Pedro é o visível; também no mesmo sentido em que Cristo é a Luz do mundo, e nós somos a luz do mundo. Jaime de Moura nos explica:
“Ninguém pode pôr outro fundamento. Mas o Senhor Jesus pode, livremente, confiar esse fundamento a alguém, ou ampliá-lo a quem ele quiser, como na verdade, o fez, quando disse a Simão: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18-19). Cristo, de fato se revelou: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12) mas disse também: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). E disse mais: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10,11) no entanto, ordenou a Pedro: “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,15).
Em resumo, o fundamento verdadeiro, como vimos, é Cristo. Esse fundamento, no entanto, foi como que delegado a todos os Apóstolos e profetas (Ef 2,20) pois todos são co-responsáveis. De modo especial, e solenemente, foi no entanto, entregue, estendido e confiado a Pedro, a quem Jesus falou, franca e pessoalmente, em (Mt 16,18); assim como afirmou-lhe: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus” (Mt 16,19) e ordenou-lhe, também: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15); “Confirma teus irmãos na fé” (Lc 22,32).”texto redigido por Jaime Francisco de Moura, do site www.apologeticacatolica.cjb.net ) (
Outro detalhe da aclamada passagem de Mateus 16 se refere às “chaves do Céu e da Terra”(v.19a). O artigo “La primacía de Pedro”, do site espanhol www.apologetica.org, nos dá preciosas informações sobre a simbologia das chaves. Vejamos abaixo:
“Mateo 16:19: "Yo te daré las llaves del reino de los cielos." El "poder" de las llaves tiene que ver con disciplina eclesiástica y autoridad administrativa en relación a los requisitos de la fe, como en Isaías 22:22 (ver Is 9:6; Job 12:14; Rev 3:7). De este poder fluye el uso de censuras, excomunicación, absolución, disciplina bautismal, la imposición de penas y poderes legisladores. En el Antiguo Testamento, un mayordomo, o primer ministro, es un hombre que está "sobre una casa" (Gen 41:40; Gen 43:19;44:4; 1 Reyes 4:6;16:9;18:3; 2 Reyes 10:5;15:5;18:18; Isa 22:15, Isa 20-21).
Mateo 16:19: "Cuanto atares en la tierra será atado en los cielos, & y cuanto desatares en la tierra será desatado en los cielos." "Atando" y "Desatando" fueron términos técnicos ‘rabbinical’, los cuales significaban "prohibir" y "permitir" con referencia a la interpretación de la ley y, segundamente, "condenar," "ponerlo bajo censura" o "absolver." Entonces San Pedro y los papas han recibido la autoridad para determinar las reglas para la doctrina y vida, en virtud de revelación y del Espíritu guiando (ver Jn 16:13), como también para demandar obediencia de la Iglesia. "Atando y Desatando" representa los poderes legislativos y judicial del papado y los obispos. (Mt 1817-18; Jn 20:23). San Pedro, sin embargo, es el único apóstol que recibe estos poderes por su nombre y en forma particular, haciéndolo preeminente.”
Tradução nossa: ‘Mateus 16,19(a): “Eu (Jesus) te darei (Pedro) as chaves do reino dos céus”. O “poder” das chaves tem a ver com a disciplina eclesiástica e com a autoridade administrativa em relação aos requisitos da fé, como na passagem de Isaías 22,22 (veja Isa 9,6; Jó 12,14; Ap 3,7). Deste poder flui o uso de censuras, excomunhão, absolvição, disciplina batismal, imposição de penas e poderes legisladores. No antigo testamento, um mordomo, o primeiro ministro, é um homem que está “sobre (o comando de) uma casa”(Gn 41,40; Gn 43,19;44,4; I Rs 4,6;16,9;18,3; II Rs 10,5;15,5;18,18; Isa 20-21; Isa 22,15.).
Mateus 19,16(b): “Tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus”. “Ligando” e “desligando” eram termos rabínicos técnicos, os quais significavam “proibir” e “permitir”, referindo-se à interpretação da Lei e, em segundo lugar, “condenar”, “colocar sob censura” ou “absolver”. Assim, São Pedro e os papas têm recebido a autoridade para determinar as regras para a doutrina e para a vida, em virtude da Revelação e da guia do Espírito Santo (ver Jo 13,13), como também para reclamar a obediência da Igreja. “Atar” e “desatar” representam os poderes legislati-vos e judiciais do papado e do episcopado. (Mt 18, 17-18; Jo 20,13). São Pedro, contudo, é o único apóstolo que recebe estes poderes pelo seu nome e em forma particular, fazendo-o proeminente por esta razão’.
Outro ponto que podemos dissertar é a questão aberta pelo versículo 18b dessa mesma passagem de Mateus 16. Nela, o poder e a segurança da Igreja de Cristo é que “As portas do Inferno não prevalecerão contra ela”. Nessa afirmação, já há uma exclusão contra a doutrina dos protestantes e evangélicos, que insistem em nos atacar. Estes afirmam que a Igreja corrompeu-se, e desprezam a afirmação de Jesus sobre a perenidade da Igreja!
Desprezar até as palavras Cristo para atacar a Igreja Católica é o trunfo que demonstra quão falhas são as críticas levantadas contra o Primado de Pedro.
Ainda sim alguns poderão contra-argumentar, dizendo que a Igreja não tinha um papa como nós temos hoje. De fato, o papado exatamente como o conhecemos hoje foi se desenvolvendo com o transcorrer dos séculos. Todavia, o papado já era uma realidade de fé, que existia na sua autoridade e na sua primazia desde os princípios da Cristandade.
Embora algumas doutrinas de caráter pastoral ou de costume certamente tenham sido alteradas pela história, – como aconteceu com a liberação da obrigatoriedade do véu para as mulheres, ou com a proibição de cortar o cabelo – a essência da autoridade e da primazia apostólica sempre existiram, fato esse que acabamos de demonstrar.
Porque então os protestantes rejeitam a autoridade doutrinal e a primazia papal, sendo que este é um ensinamento consumado da Sagradas Escrituras? Não há lógica, nem sequer há fundamentação sólida nos argumentos heréticos/cismáticos contra o Primado de Pedro.
7) Conclusão
Assim, esta exposição deixou bem clara a situação do primado de São Pedro, e este é autêntico e digno de fé, pois "Como meu Pai me enviou, eu(Jesus) vos envio". (Jo. 20,21) E ainda: "Quem vos ouve, a mim ouve, quem vos despreza, a mim despreza" (Lc 10,16); e mais: "quem não ouve a Igreja, seja tido por gentio e publicano" (Mt. 18,17).


Concluímos, através os capítulos deste estudo, que:
  • Pedro exerceu nos evangelhos um papel de destaque e liderança;
  • Pedro foi digno de ser chamado “o primeiro” dentre os apóstolos;
  • Pedro manifestou sua superior autoridade sobre as primeiras comunidades;
  • Pedro era o presidente das reuniões conciliares;
  • Pedro é reconhecido pelos apóstolos como sendo “aquele que confirma na fé”;
  • Pedro exercia sua jurisdição visitando e dirigindo as primeiras Igrejas;
  • Pedro foi o único apóstolo cujo nome foi mudado solenemente;
  • Pedro recebeu as Chaves do Reino dos céus;
  • Pedro foi o criador da Igreja de Roma (43 d.C.aprox.) e em Roma foi martirizado;
  • Pedro e seu primado são defendidos pelos primeiros cristãos;
  • Pedro é semelhante ao mordomo/primeiro-ministro da morada celeste;
  • Pedro recebeu da Pedra Angular que é Jesus o poder de ser fundamento da Igreja;
  • Pedro foi o primeiro papa da Sagrada Tradição Apostólica, da Igreja Católica.

Assim, tendo respondido aos ataques protestantes sobre o Primado de Pedro, fixemo-nos em Cristo Jesus e na sua Santa Madre Igreja Católica, defendendo sempre a admirável doutrina católica de todo ataque que venha maliciosamente pelejar contra a Verdade Cristã.

domingo, 20 de julho de 2008

Da Humildade - parte III


É pela humildade dos seus fiéis que Deus guia-os para a retidão do caminho salvífico. Dirá o Salmista (24,9): "Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via.". E Cristo, que se chamava "Caminho, Verdade e Vida" (cf. Jo 14,6), dirá: "Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas" (Mt 11,29).

Podemos, assim, chamar o grão de mostarda retratado nos evangelhos sinóticos como símbolo dessa mesma virtude: é a menor das sementes, desprezada e mínima dentre as outras, mas no tempo devido cresce, frutifica, tornando-se um arbusto tão grande e frondoso que os pássaros nele fazem ninhos. Por isso, o sentido simbólico de terra ("humus") e a virtude da humildade são intercambiáveis: a terra que dá a vida, é a terra sob a qual todos estão, que é calcada pelos pés, que é pó e cinza, que nada aparenta ser de relevante.

"De que te orgulhas, ó homem" - diz Evágrio Pôntico – "quando por natureza sois barro e pó e por que te elevas sobre as nuvens? Contempla tua natureza, porque sois terra e cinza, e em breve voltarás ao pó, agora soberbo e, dentro de pouco, verme. Para que elevas a cabeça que daqui a pouco cairá por terra?". É esta terra-nada da qual o homem foi feito, para a qual o homem retornará em ocasião de sua morte, mas é por esta mesma terra que a Vida Divina se inclinará, derramando Beneplácito, e Graça. "A humildade é coisa mínima diante dos homens, porém, preciosa e estimada diante de Deus. Se a adquirimos pisaremos todo o poder do inimigo", dirá São Pacômio de Tabenési (em sua obra "Exortação sobre o Rancor de um Monge").

A terra e a cinza é o que os profetas e os antigos monges jogavam sobre si nos momentos de penitência, para, empoeirados, humilhar-se diante de Deus Altíssimo. É a Quarta-feira de Cinzas, que até hoje precede a Quaresma da Liturgia Cristã Católica, e que convida à humilhação da alma, lembrando-nos que "Tu és pó, e ao pó tu retornarás" (Gn 3,19)

Em vista disso, no Cristianismo a expressão "humilde terra" seria quase um pleonasmo.

A virtude da humildade é hábito moral, fruto de um ato da vontade que não aspira ser o mestre senão o servo que se doa por amor. Não por obséquio dirá Jesus: "Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos" (Mc 9,35)

É atributo necessário à salvação, pois é a humildade que servirá de contraponto à soberba, um dos vícios capitais mais maléficos, senão "O" vício por excelência, "raiz de todos os outros pecados" como disseram grandes baluartes da fé como Santo Tomás de Aquino (cf. Suma Teológica, II-IIae, q.162, a.2) e São Gregório Magno.

Santo Agostinho, dizendo que se "o homem[Adão] caiu por orgulho, [Deus] recorreu à humildade para o curar", reforçará a necessidade desta virtude na vida cristã.

E, como já foi dito, os cristãos verão em Cristo essa salutar humildade encarnada. Jesus Cristo, manso e humilde de coração, enfatizará a necessidade da humildade, dizendo que quem não for humilde como uma criança, não entrará no Reino dos Céus. (cf. Mt 18,4; Mc 10,15). É humilde o "pobre de espírito", "manso", que é fiel a si mesmo e a sua realidade concreta. Por isso fala o santo bispo de Hipona: "Aceita-te como homem: isso é humilde".

O humilde reconhece que, se apenas pela Justiça fosse julgado, não outro destino teria senão a escuridão perpétua do Inferno, lar da verdadeira morte. Por isso, jamais sua mente é irmã da vanglória dos hereges, os quais, de modo ímpio, dizem: "Estou já estou salvo, estou definitivamente salvo! Sou santo, sou santo desde agora e por toda eternidade! Deus deu-me a graça e dela tomo posse". No humilde, a vontade inclina-se sempre a considerar suas misérias em primeiro plano, como atos próprios decorrentes de suas imperfeições, e se nele vê algo de bom, remete logo ao seu Senhor, como dádiva da qual ele é indigno.

Tal homem, pela humildade, "se julga só a si mesmo, dizendo: 'Meus pecados sobrepassam os dos demais', não julga a nada, não condena a nada."; já que "Os caminhos de Deus são a humildade de coração e a bondade. Pois está escrito: 'A quem cuidarei senão ao humilde e ao pacífico?' (Rm 14,4)" - explica São Pacômio de Tabenési.

Os cristãos glorificam o valor da humildade em Cristo e em seus imitadores, os santos. Em especial os monges seguidores da Ordem de São Bento, com seus 12 graus de humildade, dignificam a memória de São Bento e do Cristo que, nesta terra, despojou-se e humilhou-se até a morte, e morte de Cruz.

Quão sublime é a jóia da humildade!

Como pérola de grande valor, enterrada, ela é a coroa das virtudes, a mãe do espírito da verdadeira oração que agrada a Deus, sopro de vida que animará o espírito ao Céu. E por isso dirá o padre do deserto, o abade Pastor: "O homem deve incessantemente respirar a humildade e o temor de Deus, do mesmo modo que inala e expele o ar através das narinas".

Da Humildade - parte II


Diferente dos judeus, a compreensão cristã da virtude "humildade" é perceptível através da noção de humildade enquanto atributo não só possível, mas como verdadeiramente necessário a Deus, fonte de tudo o que é virtuoso. No Cristianismo, é Deus mesmo que é a fonte de toda humildade, e Ele mesmo nos dá o exemplo mais sublime de humildade.

A primeira e mais explícita justificativa dos cristãos para conceber a humildade divina pressupõe a comunicação de Deus com os homens através da Revelação, seja parcial, seja total. Ora, Deus é excelso e inatingível em todas as suas perfeições – como bem nos ensina a Santa Madre Igreja e as Escrituras Sagradas –, sendo que a visão d'Ele em todo o seu Esplendor e Poder traria a inevitavelmente a morte do seu observador, como fica claro ao escutarmos o testemunho do livro de Êxodo (33,20): "Mas, ajuntou o Senhor [a Moisés], não poderás ver a Minha Face, pois o homem não poderia Me ver e continuar a viver."

Então, como seria possível que Deus se manifestasse numa revelação ao homem, se Ele não entrasse numa verdadeira abstração de si mesmo, mitigando a aparência de Sua Glória e conformando-se, na medida do possível, àquilo que a criatura é capaz de captar, em fraqueza e miséria? Como poderia o Altíssimo ser contemplado, se antes Ele não cobrir-se com um velo que salve nossa existência?

Estaria aí, então, o primeiro passo daquilo que os cristãos chamam de humildade de Deus: Ele se abaixa das supremas alturas, se revela em Seu Poder e Glória, mas faz isso de maneira humilde, ou seja, revela-se conforme a nossa pequenez – não porque isso é uma necessidade, mas porque tanto nos ama que permite-Se este rebaixamento em nosso favor. É como o pai que, podendo falar de modo eloqüente, soletra vagarosamente o alfabeto no intuito de guiar a criança que balbucia. Em nada Sua Suprema Dignidade e Poder é diminuído, pois Deus continua sendo quem Ele é; mas em nosso favor e para gozarmos das perfeições celestes do convívio com Deus, abaixa-Se com afetuoso amor.

No Cristianismo, então, a ênfase significativa da virtude da humildade não está em ser aquele atributo que é gerado, externamente, por uma Grandeza Suprema que nos oprime pela Majestade, embora também admita ser a humildade decorrente dessa situação. A afirmação mais insistente no Cristianismo sobre a humildade possui diferente ótica: é a do Deus que se faz carne, e habita entre nós. É do Cristo Jesus, que São Paulo, inspirado por este mesmo Senhor, descreve aos Filipenses da seguinte maneira: "Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz." (2,6-8).

O abaixar-se de Deus em Jesus Cristo na encarnação do Verbo e na morte de Cruz é, então, o ápice exemplar de Humildade, a imagem simbólica perfeita, redimindo essa virtude de sua ênfase humana com um ato cuja honra é elevada aos píncaros da Caridade perfeita que só de Deus poderia advir. É por causa dessa compreensão que Agostinho, um dos Santos Doutores da Igreja, disse: "Adão, sendo homem, quis tornar-se Deus e perdeu-se. Cristo, sendo Deus, quis tornar-se homem para a salvação do homem. Por seu orgulho o homem caiu tão baixo que só podia ser levantado pelo abaixar-se de Deus."

Então, encarnada na Pessoa de Jesus Cristo, o Deus-Filho, o exemplo último de humildade, podemos compreender com concretude alguns dos símbolos e exemplos sob os quais os cristãos figurariam as características fundamentais dessa virtude, que aqui trataremos de maneira geral.

sábado, 19 de julho de 2008

Da Humildade – parte I


Palavra que advém do latim, "humilitas", da raiz latina "humus", que significa terra. Em português, a palavra 'terra' é um gênero do qual a palavra 'humus' (terra fértil) é uma espécie; essa distinção acabou separando em duas a única noção simbólica que embebia a compreensão antiga deste termo, 'terra', que levava consigo o significado de fertilidade, de casa, de fonte de vida e ao mesmo tempo de solo, terreno, chão, pó.

Como nos diz São Paulo, podemos compreender através das obras visíveis, encontramos imagens refletidas das perfeições invisíveis do único Deus. Símbolos de perfeições celestes, que podem servir ao espírito amante da verdade, como meios para levar ao conhecimento da existência do Criador.

E o símbolo por excelência da humildade é a terra, o pó, aquilo que é baixo e pequenino. Daquilo que se passa como que escondido, oculto, insignificante; mas gera a vida.

Voltaremos a este ponto adiante.

De todas as virtudes, é inegável o grande valor que a humildade conquistou após o advento do Cristianismo no mundo. Nem mesmo os judeus (refiro-me aos verdadeiros judeus, e não aos sucessores dos fariseus e saduceus que pisam nesta Terra) possuiriam uma concepção tão fina, agudíssima, de humildade como os cristãos. Mesmo tendo alguns fundamentos doutrinais comuns, dificilmente compreenderiam a idéia da humildade como um atributo que até mesmo Deus usaria como manto para Sua Glória.

O Deus que os judeus podem ver é o Deus da coluna de fogo, da abertura do Mar Vermelho, dos anjos combatentes, das 10 pragas do Egito, o Deus cuja mão forte e soberana sempre se manifesta sem rodeios: é um Deus cuja Glória é tamanha em seus feitos e prodígios que inspira respeito, admiração, reverência e submissão.

Com efeito, tal dimensão das potências da Única Divindade permitiria com que os judeus compreendessem retamente o primeiro grau de humildade, isto é, aquele grau de humildade que naturalmente surge quando nos deparamos com a sublimidade terrível de algo gigantesco, colossal. E tal humildade, com grande razão, nascerá diante do Altíssimo, com a magnificência Daquele que exclama: "A quem podereis comparar-Me ou igualar-Me? Quem poreis em paralelo Comigo, que Me seja igual?" (Isaías 46,5).

"Ninguém é santo como o Senhor. Não existe outro Deus, além de vós, nem rochedo semelhante ao nosso Deus" (I Samuel 2,2), dirá o profeta. E por causa disso, Deus convoca seu povo para humilhar-se diante dele, isto é, para reconhecer a Grandeza Insondável de sua Divindade.

A ênfase no sentido de humildade que os judeus poderiam compreender estava, assim, claramente ligada à concepção da Glória Divina do Único Senhor. E desta noção adviria uma humildade virtuosa? Sim, mas certamente incompleta, haja visto que não puderam apreender um exemplo positivo de humildade por parte de Deus mesmo, que encarna na fé judaica, a consumação de todas as perfeições. Faltavam-lhes a compreensão da humildade divina, embora abundassem exemplos da humildade humana.

Sabiam que o ato de humildade, por essencialmente ser um ato de reconhecimento da grandeza do Altíssimo, seria inconveniente a Deus mesmo manifestar humildade. Até porque, não há ninguém igual a Ele, nem que Lhe seja superior; a relação de humildade só poderia nascer do homem para Deus, tornando-se assim um ato humano por excelência. Só o homem poderia ser humilde nesse sentido, jamais Deus; era, no que se refere à dignidade, o único estado de espírito a partir do qual o homem poderia relacionar-se com o Senhor.

Fato este é comprovado com uma análise das Escrituras da Antiga Aliança, o Velho Testamento. Nestas, Deus pede humildade, faz ser humildes os homens, protege os humildes, e em virtude da humildade – ou da falta dela – recompensa aos homens segundo seus atos. Por isso os nossos antepassados na fé podiam exclamar "Humilhemo-nos diante dele e prestemos-lhe nosso culto com espírito de humildade.", dirá o livro de Judite (8,16); e ainda no livro dos Salmos (17,28) "Os humildes salvais, os semblantes soberbos humilhais".

Mas não poderiam falar que Deus é humilde, e que a humildade convém ao Altíssimo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Do sentido último da vida humana


Há um mal estar pairando sobre o mundo. O homem não sabe nem o que é, nem para onde vai, nem bem o que seu espírito tenciona. Jeremias, o profeta, poderia repetir suas palavras num prelúdio sobre a esperança desta raça hodierna de homens, dizendo "Olho para a terra: tudo é caótico e deserto; para o céu: dele desapareceu toda a luz."(Jeremias 4,23).

É um fruto podre da modernidade, que despreza conhecer os entes com a profundidade necessária, bem como com a incisividade digna daqueles que aspiram pelo esclarecimento. Há secura nos lábios dos retóricos, já desgastados de se perder em vãs elucubrações, e a voz dos filósofos tem se perdido nas ondas desesperadas de um orbe que não olha para o alto.

O pó, calcado pelas angústias solitárias, reclama os seus habitantes, e a miséria do nada instiga-os a perceber a vaidade dos industriosos, que muito fazem por pouco. Gotas e gotas de vigor que um trabalhador opera em favor de sua subsistência, afogando-se em preocupações cujo sentido ou pouco ou quase nada é capaz de sufocar os gritos lancinantes de um espírito aprisionado, que aspira por mais, muito mais. Absoluto é o que quer o homem.

Temos sede insaciada, gulosa, que perturba a complacente imobilidade duma alma "equilibrada". Sede demais. De mais. Sede de mais de mais. Sede absoluta.

Os destruidores do espírito, as sentinelas da Queda do Mundo, ainda perduram.

Mas para eles aviso: vosso tempo já se foi, desde sempre!

Não há mais espaço para o desafiador ranger de dentes, nem para as ignorantes risadas sarcásticas, que não são capazes de dissimular a inconsistência de suas aspirações confusas, como jogos pueris. Aliás, nunca houve...

É tempo de ver a vossa destruição, senhores negadores da verdade intrínseca ao homem. É tempo de queda das vossas esperanças. Tuas espadas, que mesmo no passado já nasceram enferrujadas, agora despedaçaram completamente. Vosso tempo se foi, e por vosso tempo o eterno ardor humano despontou. Agora, retirai-vos para vossas covas, com a sonolência que vos é característica. Terminai de apodrecer com o resto do mundo que querem ver ruir e cuja fragmentação é iminente.

O velho "novo homem" de ontem, tornar-se-á o novo "velho homem" agora.

É essa a novidade que vos apresento.

O novo, hoje, é apenas o Eterno que a névoa do hálito niilista escondeu, com medo e rejeição besta. Ocultaram o aroma constante da verdade sobre a humanidade, sobrepondo-o por um simulacro, por uma pantomima, por um teatro que só desvia a fúria, mas não a destrói. Estamos cansados de véus que nos ocultam de nós mesmos, fingindo desvelar tudo!

Eia, portadores da morte.

Vossos coveiros já aprumam as pás e picaretas.

Estamos agora a viver, mesmo que ainda no meio dos escombros das fantasias erguidas pelo covardes do espírito, em busca do sentido único de nossas vidas. Estamos vasculhando a nós mesmos em busca de rastros de nossa fonte, nossa casa, de nossa senda.

O sentido último de nossa vida?

É o sentido final, o Absoluto.

O sentido da humanidade é corresponder ao próprio Absoluto.

É aceitar a realidade que diante de nós, com toda a sua potência e verdade, se revela nas mínimas e máximas manifestações. É submeter-se à suprema autoridade daquele Ser que não se pode negar sem negar-se a si mesmo e negar sua subsistência. É reconhecer que o espelho quebrado não deixa ainda de refletir, mesmo quebrado. É desfrutar daquela segura firmeza que nada jamais poderia abalar. É com constante fortaleza, desfrutar de uma força sublime que move-nos a viver, a crescer e a progredir em direção à conformação com o Absoluto. É ter a sublimidade toda da vida em nós pulsando para o infinito.

É ver que só Deus é a resposta.