quinta-feira, 17 de julho de 2008

Do sentido último da vida humana


Há um mal estar pairando sobre o mundo. O homem não sabe nem o que é, nem para onde vai, nem bem o que seu espírito tenciona. Jeremias, o profeta, poderia repetir suas palavras num prelúdio sobre a esperança desta raça hodierna de homens, dizendo "Olho para a terra: tudo é caótico e deserto; para o céu: dele desapareceu toda a luz."(Jeremias 4,23).

É um fruto podre da modernidade, que despreza conhecer os entes com a profundidade necessária, bem como com a incisividade digna daqueles que aspiram pelo esclarecimento. Há secura nos lábios dos retóricos, já desgastados de se perder em vãs elucubrações, e a voz dos filósofos tem se perdido nas ondas desesperadas de um orbe que não olha para o alto.

O pó, calcado pelas angústias solitárias, reclama os seus habitantes, e a miséria do nada instiga-os a perceber a vaidade dos industriosos, que muito fazem por pouco. Gotas e gotas de vigor que um trabalhador opera em favor de sua subsistência, afogando-se em preocupações cujo sentido ou pouco ou quase nada é capaz de sufocar os gritos lancinantes de um espírito aprisionado, que aspira por mais, muito mais. Absoluto é o que quer o homem.

Temos sede insaciada, gulosa, que perturba a complacente imobilidade duma alma "equilibrada". Sede demais. De mais. Sede de mais de mais. Sede absoluta.

Os destruidores do espírito, as sentinelas da Queda do Mundo, ainda perduram.

Mas para eles aviso: vosso tempo já se foi, desde sempre!

Não há mais espaço para o desafiador ranger de dentes, nem para as ignorantes risadas sarcásticas, que não são capazes de dissimular a inconsistência de suas aspirações confusas, como jogos pueris. Aliás, nunca houve...

É tempo de ver a vossa destruição, senhores negadores da verdade intrínseca ao homem. É tempo de queda das vossas esperanças. Tuas espadas, que mesmo no passado já nasceram enferrujadas, agora despedaçaram completamente. Vosso tempo se foi, e por vosso tempo o eterno ardor humano despontou. Agora, retirai-vos para vossas covas, com a sonolência que vos é característica. Terminai de apodrecer com o resto do mundo que querem ver ruir e cuja fragmentação é iminente.

O velho "novo homem" de ontem, tornar-se-á o novo "velho homem" agora.

É essa a novidade que vos apresento.

O novo, hoje, é apenas o Eterno que a névoa do hálito niilista escondeu, com medo e rejeição besta. Ocultaram o aroma constante da verdade sobre a humanidade, sobrepondo-o por um simulacro, por uma pantomima, por um teatro que só desvia a fúria, mas não a destrói. Estamos cansados de véus que nos ocultam de nós mesmos, fingindo desvelar tudo!

Eia, portadores da morte.

Vossos coveiros já aprumam as pás e picaretas.

Estamos agora a viver, mesmo que ainda no meio dos escombros das fantasias erguidas pelo covardes do espírito, em busca do sentido único de nossas vidas. Estamos vasculhando a nós mesmos em busca de rastros de nossa fonte, nossa casa, de nossa senda.

O sentido último de nossa vida?

É o sentido final, o Absoluto.

O sentido da humanidade é corresponder ao próprio Absoluto.

É aceitar a realidade que diante de nós, com toda a sua potência e verdade, se revela nas mínimas e máximas manifestações. É submeter-se à suprema autoridade daquele Ser que não se pode negar sem negar-se a si mesmo e negar sua subsistência. É reconhecer que o espelho quebrado não deixa ainda de refletir, mesmo quebrado. É desfrutar daquela segura firmeza que nada jamais poderia abalar. É com constante fortaleza, desfrutar de uma força sublime que move-nos a viver, a crescer e a progredir em direção à conformação com o Absoluto. É ter a sublimidade toda da vida em nós pulsando para o infinito.

É ver que só Deus é a resposta.

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